Heitor dos Prazeres nasceu no dia 23 de setembro de 1898, no bairro da Cidade Nova, famosa Praça Onze, local que floresceu o samba carioca nos encontros da casa da Tia Ciata. Seu pai era marceneiro de profissão e clarinetista da Banda da Guarda Nacional, sua mãe costureira. Lino, como era conhecido, cresceu com as duas irmãs, família negra, vida simples e numa época onde a escravatura havia sido recentemente abolida, exigindo que as famílias andassem na linha, dedicando ao trabalho, único modo de manter o nível social longe dos morros e favelas. Dessa maneira, Heitor ou Lino, foi desde menino instruído como marceneiro pelo pai, que falecera quando tinha 7 anos. Aos 12 anos, já frequentava a casa da tia Ciata, levado pelos familiares, entre eles Hilário Jovino, grande entusiasta à carreira musical do menino Heitor, que olhe deu o primeiro cavaquinho. Nesta época Prazeres já estava em contato com ritmos afros como candomblé, jongo, lundu, cateretê e o samba, destacando-se como um grande ogã-ilu e ogã-alabé, improvisando versos, ritmando nos instrumentos de percussão e harmonizando em seu cavaquinho.
A partir de então, Mano Heitor, como fica conhecido por andar com os bambas do Estácio, ganha a vida das ruas e noites cariocas, dos cines mudos, dos cafézinhos, dos carnavais, sempre cantando e tocando cavaquinho, conhecendo toda a gente do samba carioca. Logo suas canções estão nas rádios gravadas pelos grandes intérpretes como Francisco Alves, torna-se parceiro de muitos sambistas renomados como Cartola, Noel Rosa, Herivelto Martins, Paulo da Portela e Sinhô, com quem travou a primeira polêmica musical. Quando foi reivindicar parceria numa música que havia estourado com Chico Alves, Sinhô lhe responde: "Samba é como passarinho, a gente pega no ar". Esta frase lhe rendeu o samba alerta " Olha ele, Cuidado" e "Rei dos meus sambas", ironizando o prefixo dado à Sinhô de rei do samba. Heitor tem uma carreira extensa e marcante na vida musical, sua obra abarca mais de 250 composições, entre sambas, canções, choros, valsas, baiões, marchas, etc. Mas, além desta grandiosa obra musical, Heitor dos Prazeres ganhou notoriedade com as arte plásticas, onde junto com alguns outros pintores, inauguram a Arte Naif no Brasil. Os quadros de Heitor destacam-se, além da vivacidade das cores e alegria características das obras naifs, pela contextualidade dos temas pintados. Ilustrou como ninguém a música, a dança, as festas, os bares, os ritos, as tradições, os lugares, os trejeitos, as mulatas, os malandros...só vendo pra crer. Heitor dos Prazeres é figura eternizada na cultura popular e merece nossas devidas homenagens. Resumindo, fiquem com algumas telas de Heitor dos Prazeres.
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