quinta-feira, 27 de maio de 2010

Germano Mathias no Municipal!

Grande notícia, samba no Teatro Municipal de Piracicaba! O samba dos tempos idos se aprimorou e sem cerimonias entrou para o salão da sociedade. Cartola e Carlos Cachaça ja disseram isso há muito. O samba se transformou, como sempre, e vem se transformando com o passar do tempo e o esquecimento do passado, embora viva na memória de poucos que mantém a chama acesa, mas sempre se renova como água da fonte. Claro que o galão de 20 litros sai mais caro e a tendência é aumentar, mas ainda dá pra pagar o preço do samba, pois ainda é bem representado por geniais artistas e Germano Mathias é um deles, autoridade do samba paulista, o catedrático, o sincopado Germano Mathias, o sambista diferente, a ginga do asfalto da paulicéia e samba é com ele mesmo.


Em continência ao samba, Germano Mathias se apresenta amanhã, no Teatro Municipal "Dr. Losso Netto" às 20h00 e o espetáculo é evento da 1ª Semana de Cultura Artistica, promovida pela ACAP, Associação de Cultura Artística de Piracicaba que comemora 85 anos.  

O sambista

Nasceu no dia 2 de junho de 1934, no bairro do Pari na capital paulista. Germano Mathias começou a carreira em 1955, na Rádio Tupi de São Paulo, quando participou do concurso À Procura de Um Astro. Germano gostava de acompanhar a batucada dos engraxates em rodas de sambas das praças do centro de São Paulo. Daí veio a habilidade em tocar latinha de graxa, característica do samba da paulicéia e que marca a personalidade de Germano. Por causa da latinha de graxa, foi convidado tocar frigideira na Escola de Samba Rosas Negras da rua Lavapés, no Cambuci. Aí foi um pulo pro rádio e Gemano tem uma voz que impressiona, pois quando participava em programas radiofônicos, todos achavam que era negro, pela marca vocal de samba sincopado, malandreado e como o próprio diz: com suas presepadas. Quando chagou à televisão, surpreendeu a todos que achavam que era negro, e lá estava Germano, um jovem, figura rara do samba brasileiro, o branco mestiço por brasilidade, que logo ganhou o apelido de Catedrático do Samba, por Randal Juliano, apresentador do programa Astros dos Discos, na TV Record em virtude de um diploma de Bacharel do Samba da Ordem da Palheta Dourada, outorgado pela Escola de Samba X-9 da cidade de Santos, em 1967.   
Germano Mathias foi o primeiro cantor a gravar uma música de Geraldo Filme. Gravou canções de Zé Keti, Nelson Cavaquinho e Martinho da Vila. Com Jorge Costa fez seus maiores sucessos, como O Baile do Risca Faca e Falso Rebolado. Foi campeão de venda de discos, faturou com comerciais e chegou até ganhar um automóvel de uma gravadora. Outros sucessos vieram em seguida como: A Situação do Escurinho, Falso Rebolado, Guarde a Sandália Dela, Tem Que Ter Mulata, Malvadeza Durão , Malandro de Araque, Baile do Risca Faca, Bonitona do Primeiro Andar, Nega Dina, Cambalacho e Jeronimo (Essa música foi tema do personagem de mesmo nome na novela Cambalacho da Rede Globo). Participou de dois filmes: O Preço da Vitória e Quem Roubou Meu Samba. 
Hoje, com todo o sucesso do passado, Germano mora na lembrança dos que viveram uma outra época e na memória dos que ultrapassam a linha do tempo do samba e conhecem o gênero com naturalidade. Germano é fundamental para a história do samba paulista e assim, brasileiro. Germano foi incentivado a investir na carreira musical por Toniquinho Batuqueiro, piracicabano lendário, cidadão e imperador do samba de São Paulo. Na época Toniquinho disse ao Germano: "se você quiser fazer sucesso, procure o rádio! E o conselho foi ouvido...o tempo passou...hoje o Catedrático reflete sobre a idade, que o atapalha de duas maneiras: alguns o acham velho demais pro sucesso e os produtores novos não o conhecem. Por que será? Adiciona ele no Orkut, ou no Facebook, ou no Sonico, ou no Myspace, ou procura no Google.


Ou copia o link aqui, baixa uns discos dele e aproveita pra salvar o blog nos favoritos! 
http://pratoefaca.blogspot.com/search/label/Germano%20Mathias 


ASSISTA: Alguns vídeos do Germano Mathias na televisão virtual, o Youtube!


quarta-feira, 19 de maio de 2010

Projeto 14 Sambas

Última semana para o Projeto 14 Sambas, está tudo pronto! E coincidentemente, nosso projeto cai na semana da Virada Cultural de Piracicaba. Se você não encontrou SAMBA na programação da Virada, vai lá no 13 de Maio que tem samba! 

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Um dia para se pensar...

O abolicionismo é antes de tudo um movimento político, 
para o qual, sem dúvida, poderosamente concorre o interesse 
pelos escravos e a compaixão pela sua sorte, 
mas que nasce de um pensamento diverso: 
o de reconstruir o Brasil sobre o trabalho livre e a união das raças na liberdade.
Joaquim Nabuco, 1883

O tema é extenso e complexo. Não quero entrar em detalhes profundos, nem defender aspectos, causas ou circuntâncias. É um dia para se pensar. Discorrer sobre o abolicionismo é refletir sobre liberdade e qual seria esta liberdade. A escravidão não é algo exclusivo do Brasil, mas atravessou os séculos e porque não, milênios. Os Hebreus eram vendidos como escravos, assim como os gregos e romanos praticavam os excessos da escravização em seus sistemas econômicos.
No Brasil, desde o início da colonização, negros foram trazidos como força de mão de obra para trabalhar nos engenhos de cana. Uma simples pesquisa nos mostra que nos fins da Idade Média, no Renascimento e motivados pelo Iluminismo, a escravidão era tema recorrente dos papas que defendiam a liberdade dos seres independente da razão étnica. Porém, no Brasil não chegava a informação e dados mostram que segundo Caio Prado Junior, até 1850 cerca de 3 milhões e meio de escravos chegaram ao nosso país. 
Em 1850 foi feita, no Brasil, a Lei Eusébio de Queirós que impunha punição aos traficantes de escravos, assim nenhum escravo mais entrava no país. Agora eles eram movidos de lá pra cá no território nacional suprindo carências em lavouras. Em 1871 foi feita a Lei do Ventre Livre que declarava livre os filhos de escravos nascidos a partir daquele ano, e em 1885 a Lei dos sexagenários, que concedia liberdade aos maiores de 60 anos. A abolição mesmo vem ao dia 13 de Maio de 1888, pela Lei Áurea. Dona Isabel sancionou a lei, na sua terceira e última regência, estando o Imperador D. Pedro II do Brasil em viagem ao exterior.
O Brasil foi o último país independente do continente americano a abolir completamente a escravatura. A Lei Áurea foi apresentada formalmente ao Senado Imperial pelo ministro Rodrigo A. da Silva no dia 11 de Maio. Foi debatida nas sessões dos dias 11, 12 e 13 de maio. Foi votada e aprovada, em primeira votação no dia 12 de maio. Foi votada e aprovada em definitivo, um pouco antes das treze horas, no dia 13 de maio de 1888, e, no mesmo dia, levado à sanção da Princesa Regente. No Paço Imperial, às três horas da tarde do dia 13 de maio de 1888, os brasileiros comemoravam o fim da escravidão. 
Mas vamos pensar um pouco. Fim da escravidão. Podemos olhar e tirar conclusões nesses 122 anos que se passaram. Os escravos nasciam e já eram posse dos donos de terra. Hoje nascemos e ganhamos uma identidade, logo um CPF e carteira de trabalho. Assim todos precisam trabalhar. Se para os escravos o lucro era permancer vivo, hoje o salário nos mantém vivos. Trabalhamos e trabalhamos, sujeitos aos moldes do Estado e do Sistema Capitalista dos banqueiros. O dinheiro nos modela, quanto mais se ganha, mais se gasta. Quanto mais alguém tem, menos outro tem. E assim como os escravos, aos 60 anos somos libertos do trabalho. Já não temos a mesma saúda e vitalidade, mas podemos ficar sentados vendo TV e jogando xadres. Agora pense na sua liberdade. Até onde podemos ir sem barrarmos com um pedágio ou uma catraca? Boa semana e boa liberdade a todos!