quarta-feira, 30 de março de 2011

O samba Naif de Heitor dos Prazeres



Heitor dos Prazeres nasceu no dia 23 de setembro de 1898, no bairro da Cidade Nova, famosa  Praça Onze, local que floresceu o samba carioca nos encontros da casa da Tia Ciata. Seu pai era marceneiro de profissão e clarinetista da Banda da Guarda Nacional, sua mãe costureira. Lino, como era conhecido, cresceu com as duas irmãs, família negra, vida simples e numa época onde a escravatura havia sido recentemente abolida, exigindo que as famílias andassem na linha, dedicando ao trabalho, único modo de manter o nível social longe dos morros e favelas. Dessa maneira, Heitor ou Lino, foi desde menino instruído como marceneiro pelo pai, que falecera quando tinha 7 anos. Aos 12 anos, já frequentava a casa da tia Ciata, levado pelos familiares, entre eles Hilário Jovino, grande entusiasta à carreira musical do menino Heitor, que olhe deu o primeiro cavaquinho. Nesta época Prazeres já estava em contato com ritmos afros como candomblé, jongo, lundu, cateretê e o samba, destacando-se como um grande ogã-ilu e ogã-alabé, improvisando versos, ritmando nos instrumentos de percussão e harmonizando em seu cavaquinho. 

A partir de então, Mano Heitor, como fica conhecido por andar com os bambas do Estácio, ganha a vida das ruas e noites cariocas, dos cines mudos, dos cafézinhos, dos carnavais, sempre cantando e tocando cavaquinho, conhecendo toda a gente do samba carioca. Logo suas canções estão nas rádios gravadas pelos  grandes intérpretes como Francisco Alves, torna-se parceiro de muitos sambistas renomados como Cartola, Noel Rosa, Herivelto Martins, Paulo da Portela e Sinhô, com quem travou a primeira polêmica musical. Quando foi reivindicar parceria numa música que havia estourado com Chico Alves, Sinhô lhe responde: "Samba é como passarinho, a gente pega no ar". Esta frase lhe rendeu o samba alerta " Olha ele, Cuidado" e "Rei dos meus sambas", ironizando o prefixo dado à Sinhô de rei do samba. Heitor tem uma carreira extensa e marcante na vida musical, sua obra abarca mais de 250 composições, entre sambas, canções, choros, valsas, baiões, marchas, etc. Mas, além desta grandiosa obra musical, Heitor dos Prazeres ganhou notoriedade com as arte plásticas, onde junto com alguns outros pintores, inauguram a Arte Naif no Brasil. Os quadros de Heitor destacam-se, além da vivacidade das cores e alegria características das obras naifs, pela contextualidade dos temas pintados. Ilustrou como ninguém a música, a dança, as festas, os bares, os ritos, as tradições, os lugares, os trejeitos, as mulatas, os malandros...só vendo pra crer. Heitor dos Prazeres é figura eternizada na cultura popular e merece nossas devidas homenagens. Resumindo, fiquem com algumas telas de Heitor dos Prazeres.



ASSISTA: Este vídeo documentário de 10 minutos, entrevistas grandes personalidades como Ricardo Cravo Albin, Heitorzinho dos Prazeres, Dona Neuma da Mangueira, Tônia Carrero, Haroldo Costa, Monarco da Portela, Paulinho da Viola e Elifas Andreato. No final imagens de Heitor e suas pastoras.



quarta-feira, 23 de março de 2011

Próxima homenagem, dia 30 de abril de 2011


SÁBADO
Dia: 30/04
Local: Salão do divino (largo dos pescadores)
Entrada: 5 reais + 1l de óleo
2 reais + 1l de óleo (quem estiver com qualquer camiseta do quilombola)

Biografia
Nasceu no dia 12 de Novembro de 1941, foi criado na Rua Magalhães Couto, no Méier, Zona Norte do Rio de Janeiro. Cantor e compositor, João Nogueira aprendeu violão de ouvido e vendo o pai tocar. Conheceu o samba e o choro em casa. Seu pai era violonista profissional e morreu quando tinha 10 anos. Seu João, como era conhecido, tocou com o Regional de Rogério Guimarães e com Jacob do Bandolim. Chegou a tocar até com Noel Rosa. Sua casa era frequentada pelos amigos músicos, entre eles Pixinguinha, Donga e João da Baiana, inclusive Jacob do Bandolim. Com sua morte, a família passou dificuldades e João teve de ir trabalhar cedo como vitrinista, depois como vendedor e funcionário de banco. Ainda no Meier, João frequentou o Pé na Poça, tradicional botequim e nos fins dos anos 50 integrou o bloco carnavalesco Labareda do qual foi diretor, também do Meier, bairro tanto ilustrado em seus sambas. Começou a compor aos 15 anos com a irmã Gisa, compôs vários sambas no bloco carnavalesco, mas ainda no anonimato. Nos fins dos anos 60 começou a gravar seus sambas com a ajuda de amigos músicos que o indicavam às gravadoras, até quando ganhou um concurso na Portela que o integrou na ala de compositores. Assim nasce o João Nogueira Portelense que tanto representou a escola, compondo e cantando as coisas simples das gentes, o cotidiano carioca e o mundo do samba. No passar dos anos 70, João consagrou seus dotes como compositor e intérprete de seus sambas e outros clássicos da música popular que sempre exaltou, quando em 79 lança o álbum Clube do Samba, fundado na sua própria casa, até mudar para o bairro do Flamengo, depois para a Associação dos Servidores Civis do Brasil, Clube Municipal, até chegar à sede na Barra da Tijuca. O Clube do Samba envolveu diversos sambistas, ritmistas, compositores, cantores, jornalistas e amantes e defensores da cultura do samba, que criticavam a presença massiva da música estrangeira na cultura brasileira, interferindo nas diretrizes da pura música nacional. Nos anos 80 e 90, João encarrilha duas décadas de álbuns e sambas até cruzar o milênio, quando faleceu na madrugada do dia 6 de junho de 2000, vítima de enfarte.