O abolicionismo é antes de tudo um movimento político,
para o qual, sem dúvida, poderosamente concorre o interesse
pelos escravos e a compaixão pela sua sorte,
mas que nasce de um pensamento diverso:
o de reconstruir o Brasil sobre o trabalho livre e a união das raças na liberdade.
Joaquim Nabuco, 1883
O tema é extenso e complexo. Não quero entrar em detalhes profundos, nem defender aspectos, causas ou circuntâncias. É um dia para se pensar. Discorrer sobre o abolicionismo é refletir sobre liberdade e qual seria esta liberdade. A escravidão não é algo exclusivo do Brasil, mas atravessou os séculos e porque não, milênios. Os Hebreus eram vendidos como escravos, assim como os gregos e romanos praticavam os excessos da escravização em seus sistemas econômicos.
No Brasil, desde o início da colonização, negros foram trazidos como força de mão de obra para trabalhar nos engenhos de cana. Uma simples pesquisa nos mostra que nos fins da Idade Média, no Renascimento e motivados pelo Iluminismo, a escravidão era tema recorrente dos papas que defendiam a liberdade dos seres independente da razão étnica. Porém, no Brasil não chegava a informação e dados mostram que segundo Caio Prado Junior, até 1850 cerca de 3 milhões e meio de escravos chegaram ao nosso país.
Em 1850 foi feita, no Brasil, a Lei Eusébio de Queirós que impunha punição aos traficantes de escravos, assim nenhum escravo mais entrava no país. Agora eles eram movidos de lá pra cá no território nacional suprindo carências em lavouras. Em 1871 foi feita a Lei do Ventre Livre que declarava livre os filhos de escravos nascidos a partir daquele ano, e em 1885 a Lei dos sexagenários, que concedia liberdade aos maiores de 60 anos. A abolição mesmo vem ao dia 13 de Maio de 1888, pela Lei Áurea. Dona Isabel sancionou a lei, na sua terceira e última regência, estando o Imperador D. Pedro II do Brasil em viagem ao exterior.
O Brasil foi o último país independente do continente americano a abolir completamente a escravatura. A Lei Áurea foi apresentada formalmente ao Senado Imperial pelo ministro Rodrigo A. da Silva no dia 11 de Maio. Foi debatida nas sessões dos dias 11, 12 e 13 de maio. Foi votada e aprovada, em primeira votação no dia 12 de maio. Foi votada e aprovada em definitivo, um pouco antes das treze horas, no dia 13 de maio de 1888, e, no mesmo dia, levado à sanção da Princesa Regente. No Paço Imperial, às três horas da tarde do dia 13 de maio de 1888, os brasileiros comemoravam o fim da escravidão.
Mas vamos pensar um pouco. Fim da escravidão. Podemos olhar e tirar conclusões nesses 122 anos que se passaram. Os escravos nasciam e já eram posse dos donos de terra. Hoje nascemos e ganhamos uma identidade, logo um CPF e carteira de trabalho. Assim todos precisam trabalhar. Se para os escravos o lucro era permancer vivo, hoje o salário nos mantém vivos. Trabalhamos e trabalhamos, sujeitos aos moldes do Estado e do Sistema Capitalista dos banqueiros. O dinheiro nos modela, quanto mais se ganha, mais se gasta. Quanto mais alguém tem, menos outro tem. E assim como os escravos, aos 60 anos somos libertos do trabalho. Já não temos a mesma saúda e vitalidade, mas podemos ficar sentados vendo TV e jogando xadres. Agora pense na sua liberdade. Até onde podemos ir sem barrarmos com um pedágio ou uma catraca? Boa semana e boa liberdade a todos!
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