Hoje me veio à cabeça escutar samba, como de bom costume. Logo comecei a cantarolar um samba do Grupo Casuarina, lá do Rio. Um samba bonito chamado Certidão, que fala dessa coisa meio complexa que é a possessividade sambística de apropriação do samba e de sua história como se fosse possível resumir, sintetizar ou mesmo precisar origens ao ponto de esclarecer de quem ele é. O samba é coisa que liberta a alma, que alivia o corpo e aquece o espírito. Por essas razões ele, o samba, não pode ser aprisionado. Tem que ser liberto e expressado da melhor forma possível, cantando, tocando e fazendo. Mas Casuarina não era o que eu queria ouvir naquele momento, embora ache bem interessante a mistura de linguagens, misturando o tradicional com o samba modernizado, do naylon, do banjo e com bateria. Então mudei de estação e fui buscar o Samba de Fato, junto com a Cristina Buarque, autoridade do samba brasileiro. Essa mulher tem história e samba pra cantar. E foi lenha na fogueira, relembrei um belíssimo Cd só de sambas de Mauro Duarte. Nesta hora meu coração já estava batendo 2 por 4. Mauro Duarte é o que tem de melhor no samba em todos os tempo, na minha opinião, pode falar o que for. Aquele samba canção, meio dolente, aquela melancolia boa falando de tristeza com muita beleza, falando de injustiça com muita resignação e sabedoria, sentimento de poeta que sabe as coisas boas do mundo, tudo guardado nos seus sambas eternos, e diga-se de passagem, muito bem executado pelo Samba de Fato, de fato. Esses caras são bons, sabem tudo de samba e por isso podemos todos ficar tranqüilos que o samba está bem guardado. Agora estava consumido, possuído de samba. Dormir? Quê!? fui escutar mais...Como diria o seu Ambrósio: vou lá conferir! E como que por impulso botei Anabela pra tocar, Cidade das Noites. Agora sim, a razão deste depoimento, meio dramático com gosto de samba. É uma das coisas mais bonitas de se ouvir no que diz respeito ao samba contemporâneo, pois não sei ainda outra forma de taxar, mas hei de descobrir! Um álbum primoroso, caprichosamente arranjado por Edu de Maria pelo visto, Ana com sua Bela voz sambarolando letras de Roberto Didio e melodias de Renato Martins. Os compositores são membros do Terreiro Grande, reduto de samba em São Paulo, lá o samba mora também. Anabela e Edu de Maria são integrantes do Núcleo de Samba Cupinzeiro, grupo de Campinas gabaritado no assunto.
Quero deixar claro que expresso simplesmente o que sinto pelo samba e que busco sempre entender sua história para poder pisar o chão daqueles que enxergam seu tapete estendido através do esclarecimento e do respeito. Não querendo contradizer o início pois acredito que o samba não deve ter fronteiras, muito menos aquelas com barreiras de vaidades floreadas de egos e ilusões. Mas vamos por os pingos nos is e se der nos jotas também: se for pra falar de samba paulista, temos que incluir sempre os nomes destes bambas da paulistânia. Cidade das noites traz um sentimento novo, nunca experimentado no paladar do samba. Desculpem o exagero, mas sei no fundo que não é. Pois nele você mergulha no universo do samba, ali tem as rosas de Cartola, ali tem o espinho de Nelson, ali tem o choro negro de Paulinho e Pixinguinha, ali tem tem história de samba pra mais de métricas. É música brasileira pura. Tem toques de coisas do nosso povo de longe, das Modinhas, das Canções , dos Maxixes...uma aquarela mestiça, de branco, de negro, de índio e tudo que pisou e misturou por estas terras. Por mim já está na história.
Anabela, Renato Martins, Roberto Didio e Edu de Maria
Quero deixar claro que expresso simplesmente o que sinto pelo samba e que busco sempre entender sua história para poder pisar o chão daqueles que enxergam seu tapete estendido através do esclarecimento e do respeito. Não querendo contradizer o início pois acredito que o samba não deve ter fronteiras, muito menos aquelas com barreiras de vaidades floreadas de egos e ilusões. Mas vamos por os pingos nos is e se der nos jotas também: se for pra falar de samba paulista, temos que incluir sempre os nomes destes bambas da paulistânia. Cidade das noites traz um sentimento novo, nunca experimentado no paladar do samba. Desculpem o exagero, mas sei no fundo que não é. Pois nele você mergulha no universo do samba, ali tem as rosas de Cartola, ali tem o espinho de Nelson, ali tem o choro negro de Paulinho e Pixinguinha, ali tem tem história de samba pra mais de métricas. É música brasileira pura. Tem toques de coisas do nosso povo de longe, das Modinhas, das Canções , dos Maxixes...uma aquarela mestiça, de branco, de negro, de índio e tudo que pisou e misturou por estas terras. Por mim já está na história.
Saulo Ligo
ASSISTA: Aqui postarei junto ao amigo YouTube alguns vídeos desses e outros bambas da terra nossa. Este vídeo abre o repertório do Núcleo, Lamento Negro (Edu de Maria e Bruno Ribeiro).
Depois uma sequência de sambas de Adoniran Barbosa: Despejo na Favela, Abrigo de Vagabundos e Iracema.
Para complementar o retrato paulista, Menino Grande de Geraldo Filme! O Geraldão da Barrafunda diria com exuberância Plínio Marcos.
E pra fechar a noite, vou provocar meu povo. Aí está, o grande Oswaldinho da Cuíca que pisou recentemente em terras piracicanas de Toniquinho Batuqueiro. Um samba da parceria e não poderia ser mais adequado o nome: Ditado Antigo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário