sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Por trás das máscaras: o carnaval em Piracicaba e seus significados sociais

Décadas após a independência parecia ser necessário definir uma identidade para o país. O carnaval foi tomado como um pretexto que possibilitaria a construção da expressão cultural exclusivamente brasileira, passando a ser a questão literária mais importante durante a Primeira República.

Seja uma festa religiosa ou pagã, o carnaval sempre existiu na história da humanidade como um momento determinado pelos homens para expandir seus sentimentos de alegria e liberdade. É encontrado nas mais diversas formas: entre os gregos nas festas consagradas a Dionísio, aos romanos à divindade egípcia Isis, entre outros, sempre houve festas, danças, músicas, máscaras e risos.

O costume de se brincar carnaval no Brasil foi introduzido pelos portugueses, tendo início provavelmente no século XVI, sendo inicialmente conhecido como Entrudo.

Em Piracicaba, o carnaval se faz presente há mais de 50 anos e essa manifestação permitia a população uma integração social que ocorria através das músicas, das danças e confraternizações.

Como preparação aos três dias de loucura, os piracicabanos se muniam de confetes, serpentinas, limões de cheiro, lança perfumes, fantasias, máscaras, entre outros arsenais necessários para adoração ao deus Momo. No que diz respeito às práticas eram comuns os bailes populares e as brincadeiras de rua, para a elite, as festas aconteciam nos salões dos grandes clubes ou também em suas casas.

O carnaval popular era considerado perigoso pela burguesia piracicabana, pois havia uma convicção de que o povo era o representante do agente da desordem, sendo assim deveriam estar em extrema vigilância, sobretudo quando se encontravam em multidão e diante da oferta de bebidas alcoólicas.

Tido como um tempo de loucura, o carnaval assume uma função social, pois “afetados pela varinha mágica da loucura carnavalesca” os indivíduos podiam liberar seus instintos que permaneciam escondidos devido às regras estabelecidas pela sociedade.

Ainda com todo esse rígido controle, as farras carnavalescas nunca foram extintas por completo e mesmo na tentativa era muito difícil o controle sobre elas. Desse modo garantir a tranquilidade durante os dias de festa era e ainda é uma tarefa inglória para os policias encarregados de cumprir a lei.

O carnaval era uma possibilidade de tirar a dor dos homens que viviam na pobreza, desse modo a festa se transformava num ritual de inversão de valores. Não muito diferente do que ocorre atualmente, o carnaval continua sendo uma “válvula de escape” que alivia os sofrimentos e frustrações cotidianas.

Um comentário:

Prof. Gusmão disse...

Infelizmente o carnaval Piracicabano era muito preconceituoso. Enquanto a elite brincava nos salões, como o clube branco Coronel Barbosa, a maioria da população tinha de ficar sucumbida a lugares abertos e populares sobre a alegação que assim seria contida a violência. No entanto nas festas populares havia muito respeito entre os participantes enquanto nos salões "nobres" a briga entre as diversas famílias influentes de Piracicaba acontecia frequentemente. Infelizmente o carnaval de Piracicaba foi antigamente separatista e preconceituoso. Histórias que não são contadas, mas precisam ser lembradas