sábado, 28 de fevereiro de 2009
Carnaval e suas variações do mesmo tema - Parte IV - "Irreverência e Alegria"
sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009
Carnaval e suas variações do mesmo tema - Parte III - "Amor, garra e valentia"
quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009
Carnaval e suas "variações" do mesmo tema - Parte II - "A força interior e política"
No último domingo Luís Antonio Feliciano Marcondes (Neguinho da Beija Flor) e Elaine Reis fizeram seus votos em plena Sapucaí, 10 minutos antes do desfile da escola que ele defende a 34 anos sair para desfilar. Vítimado por um câncer no intestino Neguinho além de celebrar a aliança conjugal também celebrou a vida de duas formas. Uma em função da doença que o faz buscar superaração todos os dias e a outra de tamanha valia relativa ao nascimento de sua filha de 5 meses. Através deste gesto, Neguinho além de comprovar sua importância no mundo do samba, também mostrou a influência do samba no campo político. Afinal em seu casamento estavam presentes várias autoridades,um juiz de paz e ninguém menos que o presidente Lula junto com a primeira dama, que mesmo não participando diretamente da cerimonia apadrinhou o casal. Guardadas as devidas proporções, o casamento de Neguinho da Beija Flor me fez lembrar das festas na casa de tia Ciata (clique neste link para saber mais sobre tia ciata), onde vários políticos e autoridades além de pedir bençãos a mãe de santo bahiana, discutiam, se aconselhavam e faziam política na até então capital brasileira, local de maior influência política da época. Conforme Neguinho da Beija Flor declarou antes do desfile “Essa é a noite mais importante da minha vida. A gente esta vindo de uma cura, esta dando tudo certo”. Após o casamento o intérprete foi defender o samba enredo da Beija Flor, e ao final do desfile era só emoção na dispersão da escola. Com os olhos cheios d'água declarou: "Graças às rezas de vocês, estou aqui. Tenho muito apoio do povo em geral, pelos meus 34 anos de Sapucaí. Pedi a Deus que me desse força para atravessar bem a Avenida. Tive que pegar muito fôlego para não comprometer a escola. Mas independente do resultado na apuração, já estou me sentindo um verdadeiro campeão na vida por terminar este desfile, que é o mais importante da minha vida". É Neguinho com certeza seu nome já entrou para história, e embora seu casamento não tenha tido a tradicional chuva de arroz, com certeza os 4000 componentes que cantavam o samba enredo da Beija Flor de Nilópolis movidos à sua empolgação lhe desejaram muita sorte. Abaixo vídeo do casamento de Neguinho da Beija Flor na Marquês de Sapucaí.por Fabio
quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009
Carnaval e suas "variações" do mesmo tema - Parte I
Direito de sambar
terça-feira, 24 de fevereiro de 2009
O importante trabalho do Instituto Moreira Salles - Livro Roda de Samba de 1933 para você baixar aqui.
segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009
Programa Ensaio 25/02 -Xangô da Mangueira (TV Cultura às 22:15)
O programa, apresentado por Fernando Faro, faz uma homenagem ao compositor e puxador de samba-enredo Xangô da Mangueira, que faleceu no dia 6 de janeiro, aos 85 anos. No Ensaio, Xangô fala a respeito da função de diretor de harmonia na escola de samba Estação Primeira de Mangueira e sobre Cartola, que considerava um dos melhores compositores da época. Xangô lembra ainda dos seus grandes parceiros, como Argemiro do Candomblé e Padeirinho, e de amigos, incluindo Clementina de Jesus.
domingo, 22 de fevereiro de 2009
Um pouco mais sobre Delcio Carvalho
Até a dia do Projeto estarei publicando notícias feitas por diversos meios de comunicação ao nosso homenageado de maio, estas duas reportagens sairam no Jornal o Globo (Coluna Música Popular) Para lê-las é só clicar nas paginas do jornal.
*Matéria retirada do site www.delciocarvalho.com.br
sábado, 21 de fevereiro de 2009
Este é o conjunto Nosso Samba - 1978
2. Deixa Essa Mulher (Jorge Porém)
3. Derradeira Melodia (Delcio Carvalho-Dona Ivone Lara)
4. Soflúria (Sidney da Conceição-Baianinho)
5. Dor da Falsidade (Geraldo Babão)
6. Vida das Rosas (Dilmo-Mozart-Moacir)
Lado B:
1. Não Há Razão (Bira Quininho)
2. Vem Amor (Luis Grande-Dedé da Portela)
3. Só Deus (Jorginho-Walter Rosa)
4. A Porta do Peito (Dedé da Portela-Dida)
5. A Mesma Dor (Everaldo Cruz-Toninho Nascimento)
6. O Que Será-G.R.E.S.União da Ilha do Governador (Didi-Aroldo Melodia)
quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009
O patriarca do carnaval brasileiro
quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009
Simplesmente um Toque de Arte...
terça-feira, 17 de fevereiro de 2009
As forças que vem da adversidade
É nos momentos de adversidade que devemos buscar forças para suplantar dificuldades e continuar com o verdadeiro sentido da vida. Cometido subtamente por um câncer no estômago Neguinho da Beija Flor continua sua batalha pela vida, superando e se encontrando dia após dia, em um exemplo vivo de como a vida tem de ser. Em matéria ao Jornal Extra do Rio de Janeiro, Neguinho conta sobre as forças que anda encontrando para lutar contra a doença, e também do apoio recebido pelo rei Roberto Carlos. Segue a matéria: Se faltava um empurrãozinho para que Neguinho da Beija-Flor reencontrasse as forças de que tanto necessitava para defender na Avenida o samba-enredo de sua escola, ele veio de um dos monstros-sagrados da MPB: Roberto Carlos. Ontem, enquanto se encontrava em casa para o último ensaio da azul-e-branco de Nilópolis, o puxador, que está com câncer no intestino, revelou que o apoio do Rei foi decisivo para que chegasse a uma semana do carnaval em condições de cantar. Não é à toa que ele é chamado de Rei. Eu estava mal, pra baixo, desanimado. Aí veio o convite dele para participar do especial de fim de ano. Aquilo recuperou a minha autoestima. Além do apoio de Roberto Carlos, Neguinho da Beija-Flor fez questão de lembrar outros dois episódios que o ajudaram: o nascimento da filha Luiza Flor Morena, em setembro, e o fato de ter conseguido gravar o CD do Grupo Especial. Até dias antes da gravação, a participação do intérprete não era certa. Essa doença foi algo de muito ruim que aconteceu na minha vida. Mas, depois disso, só aconteceram coisas boas. E tudo isso me botou para cima. E, num tratamento complicado como o meu (quimioterapia), estar de alto-astral é fundamental. Ontem, a uma semana do desfile em que a Beija-Flor buscará o terceiro tricampeonato de sua história, Neguinho recebeu o jornal EXTRA em sua casa, antes de seguir para a Sapucaí. O intérprete, que confessou a sua ansiedade com a proximidade do carnaval, disse que às seis da manhã, já estava de pé. Mas, atendendo às recomendações médicas, não saiu de casa durante a manhã e boa parte da tarde. Força Neguinho, e que seu exemplo seja contagie muitos outros que também buscam a alegria. por Fábio
Outros Projetos - Samba na feira
segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009
Monobloco - Programa ensaio - Nesta quarta 18/02 na TV Cultura as 22:15
O apresentador Fernando Faro recebe o grupo Monobloco. Pedro Luís, um dos líderes da banda, fala sobre a revitalização do Carnaval de rua do Rio de Janeiro, que ganhou força graças ao trabalho do grupo. Influenciados por Jorge Ben Jor, Tim Maia e Steve Wonder, o Monobloco mistura várias vertentes em seu trabalho percussivo. O elenco da banda é variável e composto por mais de 20 pessoas, que vão se revezando nas apresentações. Nesta edição do Ensaio, 14 músicos se reúnem no palco.
domingo, 15 de fevereiro de 2009
Briga por milhões para desfile abre crise no mundo do samba
O carnaval mal começou e já começam as "batalhas" entre as escolas de samba.
Presidentes de escolas acusam Vila Isabel de ter elaborado dossiê para prejudicar busca por patrocínios
RIO - Há uma cisão profunda, quase guerra aberta, entre os presidentes da Viradouro, Marco Antonio Lira de Almeida, o Marquinhos Lira, e da Vila Isabel, Wilson Vieira Alves, o Moisés. Esse conflito, a uma semana do carnaval, expõe divergências entre presidentes das grandes escolas. Como pano de fundo, está um dossiê anônimo endereçado à Petrobras, contendo denúncias contra dirigentes de escolas, com a suposta intenção de sabotar o patrocínio da estatal às agremiações do Grupo Especial. O conteúdo da denúncia foi tema de uma das mais tensas reuniões plenárias da Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa) em 2008, na qual pelo menos dois representantes apontaram a Unidos de Vila Isabel como origem das acusações.
No último carnaval, a Petrobras injetou R$ 12 milhões no desfile do Grupo Especial, divididos igualmente entre as escolas. Mas para este carnaval não veio dinheiro nenhum. Embora o presidente da Liesa, Jorge Castanheira, afirme que o patrocínio foi sustado por conta da crise econômica mundial, alguns presidentes estão convencidos de que o dossiê teve influência na decisão da Petrobras.
Castanheira confirmou a reunião que discutiu o dossiê. Segundo ele, o presidente da Portela, Nilo Figueiredo, e o representante da Viradouro, Paulo Roberto Mendonça, o Bambamban, disseram que a denúncia tinha saído da Vila Isabel e questionaram publicamente Moisés. Castanheira conta que Moisés reagiu dizendo: "Estão querendo botar tudo na minha conta", reclamando, em seguida, que no carnaval anterior sofrera a acusação de tentativa de influência de um dos jurados. Moisés nega ter sido questionado na plenária sobre a carta ou que a Vila tenha sido a responsável por sua divulgação.
Mas presidentes de escolas detalham a briga e apontam a carta como motivo da falta de patrocínios em 2009:
- O Moisés praticamente se entregou dizendo que um gerente da Petrobras é seu amigo, fica hospedado na sua casa de praia, mas que não teve intenção de prejudicar ninguém...
A carta com acusações de irregularidades em várias escolas rodou a presidência de várias empresas e praticamente inviabilizou o patrocínio do carnaval de muitas escolas. Apenas a Grande Rio, a Beija-Flor e a Vila Isabel não eram citadas - disse um presidente, que estava na reunião.
*Retirado do Jornal Extra do Rio de Janeiro JORNAL EXTRA
sábado, 14 de fevereiro de 2009
Quem samba fica? Fica!!! 1974
Atenção: Este link encontra-se na Internet através de blogs e não é de responsabilidade dos membros do Projeto 14 Sambas devendo ser deletado de seu micro no período máximo de 24 horas.Recomendamos que adquiram o cd na intenet através de sites como http://www.buscape.com.br/ ou similares preservando os direitos do ator)
sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009
Pipoca e Guaraná - Tia Eulália fundadora da Império Serrano
Pipoca e Guaraná é o espaço onde você assiste a curtas sobre a vida de sambistas e figuras ilustres que trabalharam e criaram importantes mudanças em nosso cotidiano, pessoas simples como eu e você que ao acreditarem em si mesmas constroem mudanças importantes, grandes ou pequenas, nos meios aos quais estão inseridos. Neste documentário um pouco da vida de tia Eulália uma das fundadoras da escola Império Serrano. Na casa de Tia Eulália e Seu Nascimento na rua Balaiada, no alto do morro, em 1947 foi fundada a Império Serrano. Tia Eulália é portadora da carteirinha no.1 da escola que defende com todo o fervor. Nos ensaios até tarde da madrugada e no desfile da escola ela estava sempre inspecionando tudo com muito rigor. Jongueira, conheceu a dança quando casou com o Seu Nascimento, mas seu maior interesse sempre foi o samba e a escola Império Serrano, no documentario veremos um pouco desta mulher e de seu papel junto a sua comunidade e o samba da Império Serrano que se destaca no carnval pela gestão democrática implantada desde a fundação da escola. Pega a pipoca e o guaraná.por Fábio
quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009
O Bloco Quilombola já tem seu Rei e Rainha...
quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009
Quem samba fica.... 1971
1. Mulher Valente É Minha Mãe (João Nogueira) Intérprete: João Nogueira
LADO 2:
terça-feira, 10 de fevereiro de 2009
Os dois lados da moeda carnavalesca
segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009
Programa Ensaio - Diogo Nogueira - Quarta 11/02 às 22:15 na TV Cultura
domingo, 8 de fevereiro de 2009
Cartola estrelando no filme Ganga Zumba Rei dos Palmares
sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009
O músico e produtor Rildo Hora
Capa do disco A Vez e a Hora de Rildo Hora - 1971
*Créditos ao pessoal do Loronix
terça-feira, 3 de fevereiro de 2009
Por falar em revolução musical e social
segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009
Programa Ensaio - Daniel Gonzaga próxima Quarta 04/02 na TV CULTURA
domingo, 1 de fevereiro de 2009
Adoniran Barbosa - Projeto de agosto 2008
O ano de 2008 foi recheado de várias kizombas e dois ótimos projetos, e assim como Paulo Cesar Pinheiro, não poderíamos deixar de destacar esta fígura incrível, conhecida como Adoniran Barbosa. As crianças choravam. Os cães corriam e latiam. Sem saber direito o que fazer, as pessoas tentavam juntar os poucos pertences. Enquanto isso, os tratores se preparavam para demolir mais um cortiço. Nada podia atrapalhar o crescimento de São Paulo, a cidade que nunca pôde parar. Do outro lado da rua, alguém havia interrompido a caminhada e observava, estarrecido, a cena que se tornava cada vez mais comum. Da desgraça e da tristeza, um samba nascia: "Se o sinhô não tá lembrado / dá licença de contá / que aqui onde agora está / esse edifício arto, / era uma casa véia / um palacete assobradado. / Foi aqui seu moço, / que eu Mato Grosso e Joca / construímos nossa maloca, / mas um dia nós nem pode se alembrá / veio os home co'as ferramenta / o dono mandô derrubá". Saudosa Maloca, primeiro grande sucesso de Adoniran Barbosa como compositor, foi criada em uma única noite, enquanto, ainda chocado com o despejo visto horas antes, passeava pelas calçadas já escuras da cidade. A rua era a verdadeira casa de sua obra, síntese de sotaques, de entonações próprias das migrações que sempre povoaram São Paulo. O compositor transformava a experiência do boêmio em música. As palavras do povo, o modo de falar dos mais humildes, tudo encadeado de maneira a criar poesia, novas sonoridades. Nas esquinas de São Paulo, ele encontrava a linguagem em seu estado puro, contando a realidade social por meio de um português vivo e cotidiano. Um português que preferia Marvina a Malvina, muié a mulher, que falava nóis em vez de dizer nós. Quando Adoniran Barbosa chegou a São Paulo, o disco e o rádio desenvolviam-se rapidamente. O rádio, que na década de 20 surgia com características amadoras e uma programação erudita, nos anos 30 mudava totalmente a sua conduta.A música, antes considerada folclórica e inferior, passava a ter status de popular e começava a ocupar cada vez mais espaço na programação. Em 1932, com a legislação da publicidade radiofônica, o meio se profissionalizava e se popularizava. Na capital paulista, Assis Chateaubriand fundava, em 37, a Rádio Tupi, unindo o novo meio ao jornal (Emissoras e Diários Associados). Mas a grande líder de audiência era a Record, a primeira emissora do país a constituir um elenco fixo. E nele se encontrava de tudo. Cantores de rua e de circo, maestros com formação acadêmica, "maestros de assobio", vendedores, atores, aventureiros sem profissão, intelectuais. O rádio era então o centro de todo sistema de comunicação de massa que começava a se formar. Nesse meio se movimentou Adoniran Barbosa, tanto como humorista quanto como sambista. Mas, nos dois casos, procurando esconder a dor de ver as mudanças da cidade que tanto amava, de ver o fim dos laços de solidariedade entre vizinhos e a destruição dos espaços urbanos que possibilitavam o encontro e a festa entre as pessoas. Todo o processo de criação de Adoniran era acompanhado de perto e incentivado pelo amigo e parceiro Oswaldo Molles. Era ele quem enviava Adoniran para longos passeios pelas redondezas, para observar e extrair histórias para seus programas. Também foi Molles quem deu chance para Adoniran interpretar diversos tipos. A parceria dos dois deu tão certo que, em 1946, a imprensa chamava Adoniran de "o milionário criador de tipos" e, Molles, "o milionário criador de programas". Nesse ano, o compositor fazia nada menos do que dezesseis interpretações diferentes.
Com o passar dos anos, o envolvimento de Adoniran com o rádio se tornou tão grande que, em abril de 53, sua agenda era a seguinte: segunda, interpretava o humilde marido Confúcio das Dores em Solteiro é melhor; na terça, trabalhava no programa Convite ao samba; na quarta, em Show Castelo e Vale o quanto pesa; na quinta, em Presença do Trio; na sexta, em O crime não compensa; no sábado, em Sítio do Bicho de Pé e no domingo, em A grande filmagem. Nesse último, trabalhava ao lado de nomes como Anselmo Duarte, Ilka Soares, além de duas orquestras e cantores, tudo sob a direção de Blota Jr.Em 1955, após o lançamento de Saudosa Maloca, estreou como o personagem Charutinho, em Histórias das Malocas, radiocontos escritos e dirigidos por Oswaldo Molles. O ex-mascate, ex-pintor de paredes e ex-quase tudo transformava-se no desocupado malandro morador do Morro do Piolho, pronto para mais uma viagem costeira pelo mundo dos humildes, como definia o próprio programa. Apesar de uma certa idealização das malocas, História das Malocas não mostrava um passado belo, mas sim um presente degradado: "Esta é a minha maloca, manja? Mais esburacada que tamborim de escola de samba em Quarta-feira de Cinzas. Onde a gente enfia a mão no armário e encontra o céu. Onde o chuveiro é o buraco da goteira. Não tem água de zinco. Às veis a gente toma banho de bacia e se enxuga com a toalha do vento. E quando não tem água a gente se enxuga antes de tomá banho", falava Charutinho. As críticas sociais eram constantes. Como no episódio em que a comunidade do Morro do PioIho decide fazer uma eleição e a urna é roubada. Ou em outro, em que os moradores resolvem sair para procurar emprego e só encontram um. Para ocupar essa vaga, escolhem Charutinho, o mais preguiçoso e vadio da turma. Já no departamento pessoal da empresa, o malandro é obrigado a um ir e vir sem fim, trazendo atestados, documentos e vacinas. "Eu tenho que tirá tanta coisa pra trabaiá, que eu vô boquejá pa turma do Morro, pa vê se por motível das dificurdádias..." Ajudado pelo pessoal do Morro, ele finalmente consegue ser empregado.No primeiro dia de trabalho, todos querem levar Charutinho até a porta da fábrica. Lá, a confusão: o pessoal é proibido de entrar e Charutinho, revoltado, faz um inflamado discurso e é demitido. A crítica não é contra o trabalho, mas contra o sistema que o transforma em algo sombrio e sem vida, longe da festa e da diversão. É impossível separar o radioator do compositor. Se a História das Malocas surgiu a partir de uma de suas músicas, seus sambas se embebiam no universo do programa de rádio. A partir de 1955, o Brasil se abria para os bens de capital estrangeiros e acelerava o processo de industrialização. Era época de euforia, de "50 anos em 5", era o governo JK. Juscelino Kubitschek queria a qualquer custo modernizar a produção, ampliando a indústria pesada e o setor de bens de consumo duráveis. A sociedade se motorizava e a economia nacional era cada vez mais integrada aos grandes monopólios internacionais. As mudanças na paisagem do centro de São Paulo eram visíveis para qualquer um. Especialmente para Adoniran, acostumado a andar diariamente por todas aquelas ruas, de boteco em boteco, entre um traguinho de pinga, um cigarro e um sambinha com os companheiros. Já não existiam o romantismo e a poesia dos primeiros tempos, o progresso chegava, arrastando tudo o que estivesse em seu caminho. São Paulo já não sabia mais adormecer. Não que aquilo deixasse o compositor triste.
Ele entendia que novos tempos estavam chegando, que os tipos que cantara em tantos sambas e que encarnara em tantos programas de rádio em pouco tempo deixariam de existir. "Progréssio / progréssio / eu sempre escuitei falá...", dizia uma de suas músicas. Mas também podia se sentir recompensado: graças a ele o passado estava eternizado, com seus Arnestos, com as saudades de destruídas malocas, com o trem que, às onze horas, deveria levar o namorado de volta ao Jaçanã. Adoniran Barbosa viu todas as mudanças que a cidade sofreu. E ninguém soube cantá-las como ele, sempre a partir do ponto de vista dos excluídos, dos marginais, dos párias da sociedade. Ele só entendia a composição assim: como a voz dos mais humildes, com uma voz que era a sua mais do que de ninguém. Ele que nunca cursara mais do que a terceira série do primário e que, antes de tentar ser artista, trabalhara em diversas profissões. Ele foi percebendo e vivendo as mudanças por que passava a cidade. Em 1951, gravaria Saudosa Maloca, pela Continental. A música, porém, só faria sucesso em 55, na interpretação dos Demônios da Garoa, que também gravaram o Samba do Arnesto. Aos poucos, com o reforço dos Demônios, sua vida artística foi evoluindo. Ainda em 55, duas reportagens publicadas na Revista do Rádio traziam os títulos: "Só faltava fazer sambas... e Adoniran também fez" e "Humorista faz músicas tristes". A fama chegava tarde na vida do compositor; o dinheiro, no entanto, não chegaria nunca. Por um lado, porque Adoniran continuava ganhando mal na Record e, por outro, porque não dispensava uma pinga no fim do dia, continuando tão boêmio e mulherengo quanto no início da carreira. Uma das alternativas para aumentar o orçamento no fim do mês foi levar a trupe radiofônica para os circos da periferia da cidade. Matilde, sua esposa, contava que ela era a responsável por depositar o dinheiro arrecadado durante aqueles espetáculos circenses: uma enorme quantidade de notas miúdas, sujas, que mais de uma vez o caixa bancário se negou a aceitar. "Acontece que a gente era muito pobre, porque ninguém fazia shows como hoje. Adoniran só cantava em circo e, de vez em quando, no Cine-Teatro Colombo, lá no Brás, ou no Coliseu, no Largo do Arouche", lembra a companheira do compositor. O impulso dado na carreira de Adoniran e o sucesso de História das Malocas dá uma diminuída a partir de 1958. A audiência do programa começa a cair e o samba passa a sofrer a concorrência de um novo movimento musical, marcado pela influência do jazz norte-americano, que logo ficaria conhecido como bossa nova. João Gilberto gravava Chega de saudade e transformava o cenário da música brasileira. Apesar do clima pouco favorável, Adoniran continuava com suas andanças e suas composições. Músicas que vão registrando passo a passo a vida da maloca, que também vai acompanhando o ritmo imposto pelo progresso. Em 1959, Abrigo de Vagabundo contava o início de uma nova maloca, perto da Mooca. Porém, em 1969, vem Despejo na favela. "Dispois o que eu tenho / É tão pouca mudança / É tão pequena / Que cabe no bolso", diz o morador diante do oficial que Ihe mostra a ordem de despejo. Mas é em 65 que Adoniran dá mais uma guinada e volta a caminhar pelos trilhos do sucesso: é a vez de Trem das Onze. Lançada no meio do ano pelos Demônios da Garoa, a música chegou forte no Carnaval do ano seguinte, tomando conta do povo nas ruas, cantada com entusiasmo pelos foliões. Cada vez mais respeitado como compositor, Adoniran vinha enfrentando problemas em sua carreira de radioator desde 64, com o suicídio do amigo e parceiro Oswaldo Molles. Era o fim da História das Malocas e das aventuras de Charutinho, que sairiam do ar definitivamente em 68. Por ter horror a pequenas platéias, o artista também já quase não fazia mais shows em circos - estes não mais atraiam o mesmo público de antigamente. Adoniran passou a ser marginalizado na Record. Todos os dias chegava no trabalho, procurava seu nome na escalação do dia e não encontrava nada. Sem ter o que fazer, ia para o bar e ficava papeando. Novas histórias, novas músicas. Compor passou a ser sua grande meta. E, na sua obra, dois bairros paulistanos se destacavam: o Brás e o Bixiga. O primeiro, com suas casas velhas, seus cortiços superpovoados e as ruas em franca decadência. O Bixiga, com as cantinas italianas, o clima camarada e amigo, o lugar onde Adoniran reencontrava suas origens. Suas músicas se tornavam cada vez mais reportagens, crônicas de costumes e de época. Com o passar dos anos, já não podia mais sair à noite. Anos de garoa noturna, sem chapéu e sem casaco, lhe trouxeram um enfisema pulmonar que o acompanhou até o fim da vida. Reclamava: "Eu que sempre fui um homem das ruas quase não saio mais de casa". Aos poucos, a noite deixou de lhe pertencer. Cada vez era mais difícil criar coisas novas. E as composições antigas aos poucos iam sendo deixadas de lado pelas rádios, preocupadas em tocar bossa nova e depois o iê-iêiê. Isso também era motivo de mágoa: "Por que não tocam mais minhas músicas? Afinal, todos dizem que sou um bom compositor", queixava-se às vezes. Todos esses inconvenientes tumultuaram os últimos anos de vida de Adoniran Barbosa. Em entrevista ao jornal Diário Popular, declararia: "Nada meu foi conseguido com facilidade. Tudo parecia como se eu quisesse entrar num elevador e, embora havendo lugar, o cabineiro que não ia com a minha cara logo dizia: Tá lotado...". Persistência que finalmente lhe trouxe o reconhecimento merecido. Tardio, especialmente para quem sempre lutou por uma chance de brilhar. Mas não menos saboreado por isso. Quando começou a ser chamado para entrevistas e outras homenagens, em meados da década de 70, não pensava duas vezes antes de aceitar. Gostava da popularidade, dos refletores das televisões, e de estar em evidência. Era assim com 20 anos de idade, foi assim aos quase 70. Apesar de ainda reclamar da demora em vencer como artista, dizia-se satisfeito: "Eu sou um homem feliz. Fiz tudo o que quis na vida, mesmo com atraso... Só não fiz teatro porque agora já não tenho mais coragem. O teatro é duro, tem que ser cara a cara com o público... Mas fiz novela, e é uma parada, pois a gente tem que chegar cedinho, cinco, seis horas da manhã, e não se sabe a que horas sai, nem se almoça ou janta... É trabalho para leão. Ainda mais para mim, que sempre gostei da madrugada, não dá certo, pois assim eu não durmo... Eu gosto de fazer publicidade, quando me pagam direitinho". Com os anos, o enfisema pulmonar que o maltratava foi piorando. Mesmo assim, queria continuar andando, queria ver o Carnaval, o samba e o povo nas ruas. Em 82, após algumas internações, veio a caminhada final. Adoniran morreu num hospital, na avenida Santo Amaro zona sul de São Paulo, com Matilde sempre a seu lado. Imortalizado em sons e em imagens de uma música que continua cantando com humor as desgraças do dia-a-dia. Atual sempre. A cidade que ele retratou não é mais a mesma, mas a dor e a miséria humanas continuam iguais.