segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

O adeus a Xangô da Mangueira



Faleceu no último dia 07 de janeiro aos 85 anos mais um baluarte do samba brasileiro. A mangueira perdeu na última quarta feira o puxador Olivério Ferreira, popularmente conhecido como Xangô da Mangueira. Xangô tem em sua carreira cerca de 150 composições, muitas gravadas por ele mesmo em um compacto e em 4 lps lançados somente em vinil nos anos 70 e começo dos anos 80. Além de seus próprios discos, existem ainda várias participações em coletâneas e tributos a outros artistas. Xangô foi um dos melhores improvisadores que o samba já conheceu; sendo puxador oficial da Mangueira até 1951; sua simplicidade de versos estruturados em refrões, primeiras, refrões e segundas capturam o ouvinte em um universo de lavadeiras, pastoras, malandros, velhos batuqueiros e muitas rodas de samba impressionando-os com seu talento. Xangô foi um discípulo direto de Paulo da Portela e quando movido por motivos particulares resolveu trocar a Portela pela Mangueira, autorizado pelo próprio Paulo da Portela o qual Xangô tinha imenso respeito, trocou de agremiação. O apelido Xangô da Mangueira se deu quando o mesmo foi trabalhar na fábrica de tecidos Nova América no subúrbio de Del Castilho. "Naquela época, os garotos brincavam de apostar corrida com carrinhos de madeira. Os ingleses malandros logo viram que era melhor botar os garotos para trabalhar em vez dos velhos que não iam produzir tanto", ele relembra. Xangô foi então trabalhar na máquina de rolo e logo ficou conhecido como o engraçadinho que botava apelidos em todo o mundo, "Olhava para a cara do caboclo e dizia: Carranco! Jamelão! Chupeta!". Mas o próprio Xangô não tinha um apelido e um novo empregado iria alterar este fato com uma provocação simples. Xangô avisou ao novato que ele iria ganhar um apelido, porque todos ali tinham um, e sem perder tempo decretou, "Você tem cara de macumba, você vai ser o Macumba". O novato Macumba concordou, "Não tem nada, pode botar", mas acrescentou, "Qual é o seu apelido?". Xangô apenas respondeu, "Eu não tenho apelido", ao que Macumba replicou de imediato, "Não tinha! Se eu sou o Macumba, você vai ser o Xangô!". Xangô sempre afirmava que um improvisador nunca se faz sozinho, tendo sempre que apreciar os trabalhos de seus parceiros aprendendo com eles, lição esta que considero muito importante à qual todos devem aprender, pois assim como a formação de um improvisador não se faz sozinha, o samba e a vida também não, devendo seguir o mesmo papel coletivo. Infelzmente mais uma vez a história e a Indústria cultural fizeram o perigoso papel de deixá-lo sem o devido prestígio e merecimento histórico, mas hoje os vários projetos como o 14 Sambas tentarão fazer com que estes sejam lembrados. Neste vídeo Monarco, Tantinho e o próprio Xangô improvisando em um partido alto de primeira. "Moro na roça YaYa nunca morei na cidade, compro o jornal da manhã para saber das novidades" (Xangô da Mangueira).por fabio

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